CONSOLAS-TE, MOÇA

Consolas o cético a alcançar cúmplice encanto

Deves ter sob o travesseiro murcho, o esquife prata

O qual caiba, sem folga, o corpinho do natimorto

Do qual o vurmo e o chorume se derramem sobre a penteadeira

Não há paciência a colar a grande figura

Envergas-te ao reluzente a abluir-te do asco; à riba do penhasco

O qual evita a ruga; o mal imita a rusga.

Não lhe cabe sofrimento algum, moçoila, não lhe cabe

Se não sabes, o revés da página solta é o espelho teu

Então, esmerilhas-te, aprenda a gozar desmesuradamente

Como um dia fez Cartola, pranto e azia na tez... esmola

Consolas-te, consolas

Que o bem predisposto saiu a brincar de esconde-esconde

Às vezes, não retorna antes do urro lunar.

Muita água embebedará tuas pútridas vestes

Se não te sentes assim, aperreies não

Na madrugada dos portos, as uvas caem das videiras

Tal gafanhoto a fitar pascigo da ovelha

Este lhe dirá:

Por meio de ósculos ensangüentados – marcados com medo

Tuas vidraças se romperão (pobre moça!).

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 26/05/2008
Código do texto: T1006575
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