CONSOLAS-TE, MOÇA
Consolas o cético a alcançar cúmplice encanto
Deves ter sob o travesseiro murcho, o esquife prata
O qual caiba, sem folga, o corpinho do natimorto
Do qual o vurmo e o chorume se derramem sobre a penteadeira
Não há paciência a colar a grande figura
Envergas-te ao reluzente a abluir-te do asco; à riba do penhasco
O qual evita a ruga; o mal imita a rusga.
Não lhe cabe sofrimento algum, moçoila, não lhe cabe
Se não sabes, o revés da página solta é o espelho teu
Então, esmerilhas-te, aprenda a gozar desmesuradamente
Como um dia fez Cartola, pranto e azia na tez... esmola
Consolas-te, consolas
Que o bem predisposto saiu a brincar de esconde-esconde
Às vezes, não retorna antes do urro lunar.
Muita água embebedará tuas pútridas vestes
Se não te sentes assim, aperreies não
Na madrugada dos portos, as uvas caem das videiras
Tal gafanhoto a fitar pascigo da ovelha
Este lhe dirá:
Por meio de ósculos ensangüentados – marcados com medo
Tuas vidraças se romperão (pobre moça!).