SOLETRANDO OS SENTIDOS
Do que sei, eu nem sei... Soletro os sentidos.
O meu saber é cingido, subentendido...
Meus sentidos eu entendo... Sentir eu sei.
Historio o que sentimento me articula,
Profiro o que está recôndito em minh’alma.
Minha alma é lúcida. Eu... Não.
Carrego comigo o meu ser sem o compreender...
Se o compreendesse já não o induziria, dele ancila seria.
É lato o campo do saber, há muito que discorrer.
Tentativas improfícuas de quem tudo quis saber
Apontam lacunas entre o ambicionar e o obter.
Sigo soletrando os sentidos
Aprendendo a querer aprender.
Na escrivaninha da vida, faço meu livro.
Estando sendo eu não preciso ser.
Minha alma existe. Eu... Apenas vivo!
Ivone Alves, SOL