ZAZAGUGA





Por humilde que seja meu pensamento, e nem sei por que penso assim, acho que nada mais perfeito do que me diminuir ao ponto de penetrar na grama do jardim, abaixo desta simples planta inglesa, absorver meu ego, minha vida, meus amores e dissabores. Acho que neste ambiente diminutivo me seja possível libertar das injunções do ambiente Supondo, meus ais libertos da filosofia reinante, dos críticos, da realidade, entre minhocas, e todo o resto que se joga no chão... Convivo. Não por prazer, mas por necessidade de me esconder do dia a dia, para conseguir voar nestas palavras cheias de sentimento e verdade.

Era uma vez:...
 Acho que não está pronta a estória.

Na verdade foi uma vez na minha condição de ser minúsculo, um privilegiado. Ser possível observar no vai e vem de determinadas pessoas os verdadeiros objetivos de um coração condicionado ao “meio ambiente”. Pobre tatu bola’, cada vez mais enrolado no seu desalento, medo das minhas palavras otimistas, apavorado pelos gritos de realidade que enterrei na grama do jardim. Baú de bons sentimentos que descobri um pouco abaixo das boas intenções, enterrados não sei onde. Talvez dentro de uma maleta de couro de jacaré, forradas com manchetes de jornais.
Tudo isto pode ser apenas um sonho, mas entre migalhas, terra, microorganismos, neste meu sonho louco surgiu o pé incauto do meu Guga e a mão sôfrega da minha Zaza. Era um sonho. . Meu menino sorria, gargalhava pisando formigas. Minha menina delicadamente rebuscava entre as folhas do jardim minha imagem contente, esparramada como um mar de essência perfumada. Tudo para tentar absorver a felicidade de duas crianças. Uma, o menino, em busca da cumplicidade, outra, a menina, na certeza da delicadeza. Os dois, parceiros e companheiros, da minha colheita de perfumes que sobreviverão certamente ao húmus transgênicos, ou não, da saudade.

Tatu bola,
Formiguinha,
Zangão do maracujá.

Se esta rua.
Se esta rua
Fosse minha....
Eu mandava, eu a mandava brilhar...
Se esta festa, este sonho me pertence.
Gostaria,
Gostaria,
Nesta vida, nesta vida
Realizar..

Humberto Bley Menezes
Enviado por Humberto Bley Menezes em 28/05/2008
Reeditado em 28/06/2008
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