João tremedeira

E vinha o João tremedeira

Brincando com o arco-íris

Velozes cavalos de penas

E um ribeirão de cristais

E tremulando a cabeça

Tremendo, tremendo, tremendo,

Mas firme dos pés!

Dizia vir de uma estrela

Fumegante e caprichosa

Prá vigiar o Cascalho

E uma igrejinha feitinha

(debaixo da Provisória)

Com pilares de turmalinas

E forradinha de brilhantes

A tristeza que era só dele,

A gravidade do seu olhar,

Incomodava o cachimbo

Na hora de fumegar,

E espantar o doido João Peque

Que vinha incomodar!

Pois João tremedeira afirmava

Guardar um pote de ouro;

Uma quarta de diamantes;

A coroa de nosso Senhor

E o manto da Virgem Maria.

Por cima pastava a vaquinha,

Que liberava mel.

Inda criança, um dia eu ví

Lhe escapulir da boca um sorriso.

E apareceu um dente de ouro,

Tão lindo, tão lindo

Capaz de iluminar a terra,

Se o olhar de enigma,

Soltasse a alegria!

Criança ainda, o ouví

Abençoar os filhos.

Com uma oração angelical,

Tão amorosa, tão fervorosa,

Capaz de remover,

As muralhas do céu!

Estes, perambulavam,

De calças curtas, na imaginação!

Tinha um que era branco,

Outro que era azulinho,

O da cor do capim angola,

E até um,

Deste tamãezinho!!!!!!!!!

"Aos caçadores de lembranças"