AMOR AO PASSO DO CAMINHAR

Ao passo do caminhar

Incitação à turra, tela sem óleo

Versos alapados soando no colchão

De pejo verde, ingênuo e ruminante.

Ao laço do bem-estar

Querendo imprescindir o gosto amargo da vida

Pouca ida, imensidão

Latrina descorada de tanto penar.

Ao passo

Nesses meses doentes, rogo e passo

Nas alamedas vazias de outros nós

Apenas um instante.

Caminhando

No convés entre pêlos e ardências

Saliências

Que o fígado emulsiona e, ao passo, emociona.

Não negue à raça o olor bendito

Menos vozes rasgarão auroras

Nestas, podem os anjos confiar

Sobretudo pela origem, sobretudo pela origem.

Mais a olhar

No nódulo almiscarado às vestes, pulhas

Nem tão rotas quanto a imensidão

Porém, lassas e infinitamente vastas.

No mais, olhar

Ao passo do caminhar

Que se tem acúleo, move a ceifar

Dotado de um desgosto mais profundo (e útil)

Que o prazer de amar.

Por essas, tem-se a satisfação do breve instar

Achacada lua a copular com a alma fria e álica

Num interlúdio qualquer, uma paixão

A singrar os corpos como prova cabal da nossa existência...

Por apenas passar

Pode, assim, navegar.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 02/06/2008
Código do texto: T1016907
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