"INFÂNCIA INTERROMPIDA"


De repente... O medo!
Mãos ásperas taparam-lhe os sonhos, a inocência escorreu-lhe pela garganta. O seu mundo cor de rosa ficou cinza, cambaleante ela cai nas margens de um lago. Só escuta o um eco que vem muito além do seu mundo encantado:

- Se contar eu quebro a sua boneca e nunca mais eu te darei balas.

Não conseguiu ouvir mais nada. Não sentia mais nada. Adormeceu balbuciando:

- Papai, mamãe, me leva pra casa.

A luz ofuscante e o cheiro de éter a transportaram para um mundo onde não havia  fadas, nem flores e nem borboletas.
 Homens e mulheres de branco sopraram-lhe a vida novamente. Talvez ela nem quisesse voltar. Quem sabe onde esteve  brincava  com algum anjo?

As  feridas custaram a cicatrizar porque a sua vergonha estava exposta; a sua infância foi trucidada.

A boneca deixou de ser boneca porque um segredo quebrou o brinquedo favorito.
As balas de açúcar nunca mais foram doces, têm um gosto amargo, trava-lhe na boca.

E como uma fruta verde que é brutalmente arrancada da árvore e lançada no chão, impiedosamente tiraram-lhe a inocência e ela murchou antes de amadurecer.

jambo
Enviado por jambo em 11/06/2008
Reeditado em 14/06/2008
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