Insana sanidade

Quando a ti busquei

Buscava em tuas veias o ópio,

Capaz de me curar da sanidade.

Quando te procurei

Ansiava teus membros,

Para compor minhas mutilações.

Tentei capturar teus olhos

Pois que via tudo

E não enxergava nada

Que não fosse além dos teus.

Transformei meu sangue

Na água que sanava a aflição da tua sede.

Confessei tantos pecados,

Que mais errante ainda fui,

Porque o que quis sempre de ti,

Era além dos perdões e das faltas,

Era além dos crimes e da alma.

Tive-te em cativeiro,

Alimentei tuas dores com sal,

Me adonei de ti como a terra invadida,

Roubei-te parte a parte,

Gota a gota,

Sangue e sal,

Até que pudesse de mim te esconder

Capturar a tua própria inexistência.