Dei ré no tempo ...

Dei ré no tempo, foi uma festa,

Me vi em sonhos numa floresta.

Ouvi rebuliço de pardais, entrei na fonte que canta,

Senti em pardais e na linda fonte um som de orquestra.

Orquestra de anjos, no silêncio da floresta.

De repente uma menina, sorridente, pequenina,

Surgiu-me estendendo a mão – Vem, vamos passear!

Era tão linda, rosto angelical, ternura imensa ... não vi igual.

Convidando-me a passear, brilho nos olhos a me encantar.

- Vem .... vem comigo! ... disse-me assim.

- Hoje sua espera vai ter um fim ...

Eu fui com ela, mãozinhas dadas, pisando o orvalho da madrugada.

Pairei nas nuvens, voltei ao chão ... pulsou feliz meu coração.

- Vem conhecer a minha estância, o paraíso de minha infância.

- Vê ali na frente, ali é o pomar. Frutinhas frescas vamos pegar.

- Prenda-me as mãos, segure assim ... quero você perto de mim ...

Eu disse a ela – Isto é um sonho! Nunca mais quero dele acordar.

- Meu mundo vivo é tão tristonho ... Só neste sonho quero ficar ...

Então me disse - Não fique assim ... chegue mais perto ... estou aqui ...

- Hoje eu vivo só pra você ... amanhã não sei ... talvez eu volte quando crescer.

- O que me importa é o agora ... olhe pra vida ... ela te sorri ...

Aí nós fomos colher pitangas, tão vermelhinhas, tão deliciosas ...

Pisando em flores tão perfumadas, eu lhe dei lírios ... ela me deu rosas ...

Pêssegos dourados em raios de sol, amadurecidos ao arrebol ...

Trouxe-me um à boca ... – Tire um pedaço ... tem o sabor de meu abraço.

Colhi uma flor do pé de amora ... rocei-lhe os lábios com a flor à mão ...

Um amor tão grande teve sua hora ... parou no tempo o coração.

A virgem linda teve um tremor ... sorriu tão tímida ... sentiu o amor.

A realidade tornou-me à vida, foi em soluços que acordei.

Mas na verdade valeu a pena, pois foi tão lindo o que sonhei.

José Antonio Siqueira
Enviado por José Antonio Siqueira em 25/01/2006
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