DESAFIO

Abro o word com a cabeça em tábula rasa. O word me olha.

Trocamos olhares. Sórdidos, não, desafiadores.

As palavras juntas, fazendo sentido, estão escondidas em algum lugar desta máquina.

Vou ferindo a luz numa brincadeira de esconde-esconde.

Palavras-crianças adoram brincar.

A megera corre atrás delas, alquebrada, invejosa da autonomia das letras em casamento de amor verdadeiro.

Com um tacho de óleo quente, chego perto das palavras que agora pulam corda, depois sobem goiabeiras, pulam nas lagoas, entram em naves espaciais, montam a cavalo, namoram príncipes, fogem no tapete mágico.

Ofereço doces, uma maçã e um fuso envenenado às crianças.

Convido as palavras para um passeio no bosque.