Devassos desejos: ao poeta

Queima-me a pele, e me derreto

Desejo que se esconde por dentro, e transpiro

Despindo-me da falsa modéstia, da falsa pureza, grito

Sou agudo silvo que corta o ar, e agonizo, de loucura e lascívia.

Ai de mim, pobre mulher sozinha que sonha entre incompetentes machos

Ser saciada, amada, querida, que sonha ser a maior vontade de alguém, prometo, me dou...

Mas até quando hei de esperar?

Como tola, a olhar para o relógio, a ver

Ponteiros que seguem inexoravelmente, tic tac,

A solidão corroendo, o desejo consumindo, sem ninguém.

A esperar, e esperar que venha pela janela aberta, como o vento.

E me possua, com a luxuria indigna do céu, como fogo consumidor.

Esta paixão, que nem chamaria de amor, que mata a tensão da carne, e acalma.

Vem, e promete em meus ouvidos

Que hoje é só o primeiro dia de noites sem fim

De insanidade e devassidão, entre corpos a se entrelaçar

Como fogo ardente devasta, e destrói, que mata... oh me mate!

Venha, mate-me de prazer, vem ver-me voluptuosa como a mariposa

Deixe-me enfeitiçar-te com minhas asas negras, vem possua-me como você quiser!

Ass:A solitária Flor de Outono

(texto nunca enviado ao poeta, guardado a sete chaves na caixinha de segredos inconfessaveis)

T Sophie
Enviado por T Sophie em 24/06/2008
Reeditado em 01/07/2008
Código do texto: T1049754
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