Devassos desejos: ao poeta
Queima-me a pele, e me derreto
Desejo que se esconde por dentro, e transpiro
Despindo-me da falsa modéstia, da falsa pureza, grito
Sou agudo silvo que corta o ar, e agonizo, de loucura e lascívia.
Ai de mim, pobre mulher sozinha que sonha entre incompetentes machos
Ser saciada, amada, querida, que sonha ser a maior vontade de alguém, prometo, me dou...
Mas até quando hei de esperar?
Como tola, a olhar para o relógio, a ver
Ponteiros que seguem inexoravelmente, tic tac,
A solidão corroendo, o desejo consumindo, sem ninguém.
A esperar, e esperar que venha pela janela aberta, como o vento.
E me possua, com a luxuria indigna do céu, como fogo consumidor.
Esta paixão, que nem chamaria de amor, que mata a tensão da carne, e acalma.
Vem, e promete em meus ouvidos
Que hoje é só o primeiro dia de noites sem fim
De insanidade e devassidão, entre corpos a se entrelaçar
Como fogo ardente devasta, e destrói, que mata... oh me mate!
Venha, mate-me de prazer, vem ver-me voluptuosa como a mariposa
Deixe-me enfeitiçar-te com minhas asas negras, vem possua-me como você quiser!
Ass:A solitária Flor de Outono
(texto nunca enviado ao poeta, guardado a sete chaves na caixinha de segredos inconfessaveis)