Amar: verbo incandescente!

Já me falaram de amores, que de tão ardentes, desfaziam-se em brasa! Eu até certo ponto duvidei, mas por fim até queimei e desmanchei as cinzas de minha casa... Se existe verbo intransitivo, por que mal ou desdém não há de existir verbete incandescente? Se se complementa a palavra dita por si só, por que não há de transformar e assim legar a chama que se sente? Perdoem-me as figuras de linguagem, as metáforas, as redundâncias, as hipérboles prosaicas, ou até mesmo os eufemismos de palavras tão bem tecidas, que infelizmente, o povo "amador" e igualmente "fingidor" não entende (não por que não o quer, mas por que simplesmente não pode). Mesmo assim, quando há de se falar sobre a incandescência do amor, é antes mestra a classe subsidiária e periférica, a classe que per sente e pressente antes de tudo e se torna crente e ainda mais também não mente que se expande e se isola no fogo quente do amor... Para ela, tanto importa, ou nada importa as belezas dos verbos complementados pela linguagem erudita, pouco lhe importa o tecer do lirismo poético, pois bem sabe com a sabedoria popular que o amor por si só (como as palavras de Drumonnd) é verbo intransitivo! Mas, no vão solitário de minha inocência efêmera, pergunto: Por que não o amor também verbo incandescente? Ora, responder-me-ão os físicos: - A incandescência é fenômeno físico! Deixe para dar adjetivos aos verbos pelos viçosos luxos gramaticais! E o meu jogo e o dos físicos continuará em sua contradição antagônica: Ora! Não é o amor sentimento puro e fiel, que como a reação química se faz em chamas, se faz arder e doer e temer e viver dentro de cada um de nós? Não é o amor por si só respaldado e transformado em único ente, persistente, em único ser? Ora, não é questão de ser o amor, com a força inanimada da palavra, algo que se sente em chamas. O que há de belo e fiel, com os sabores e dissabores do mel, é ser o amor não apenas incandescente em sua força brutal dentro dos "queimados" e extasiados por seu poder. O que há de bonito em fazer o amor incandescer é poder usá-lo na figura de linguagem comparativa, que une e ao mesmo tempo distingue o meio físico do humano. Porém, ambos os mundos produzem mesmos efeito sob difusas e novas causas, tornando-se um só mundo que co-habita em paz na existência autêntica da natureza, na existência excêntrica da casta humana. O bonito do verbo incandescente não é apenas assim o dizer. É fazer, realmente, o puro amor incandescer...

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 25/06/2008
Código do texto: T1050939