Mãos

Mãos que trabalhavam,

Pegavam no pesado.

Empilhavam tijolos,

Subiam paredes que se tornavam casas,

Teto e porão,

Mas ao final da tarde... tocavam o violão.

Mãos que tinham calos,

Traziam marcas dos fardos do dia,

Pregavam o prego,

Limpavam a sujeira

E varriam o chão.

Mas ao final da tarde... tocavam o violão.

Mãos que contavam o dinheiro

E se deixavam levar pelo ilusão.

Rolavam os dados,

Davam as cartas e erguiam o copo cheio...

De amargura e aflição.

Mas ao final da tarde... tocavam o violão.

Mãos que sustentavam o peso e as dores,

Enxugando todos os suores

E que se aninhavam no bolso

Enquanto aguardavam o ônibus

No meio da multidão.

Mas ao final da tarde... tocavam o violão.

Mãos que afagavam os cabelos,

Acariciavam os filhos e... tocavam o violão.

Mas ao final da noite... tocavam o corpo

Da mulher que amava,

Dona de seu coração.

(Ao meu pai)