MINHA ALMA CLAMA POR TI
Ó fera abatedora desse Julho rasgado!
Despeje-me o quente chá emanado e aceso
Das ventas donde urra o precipício
Não me tenhas em passos piedosos
Ouça muito bem, ó inestimável amigo
Saibas tudo o que ocorre comigo
Neste dia de pedregulho, às vestes negras do destino
Laboro neste desde menino
E não hão as favas em teias ou pouco mais de ledas veias
Sem o aspecto funesto do Agosto, tem a magia delicada – e mais deliciada – do Junho.
Vá-te embora, solidão almiscarada
Hora boa a juntar seus ossos e despencar daqui para o nunca
Se há segredos que o ombro absorve, tente-me
Se há mentira em flocos de chocolate, mate-me duma só vez
Num só golpe da adaga sangrenta; faça-me de jaqueta
No átimo do frio lancinante, desprezarei os falsos entulhos a me sorrirem descalços
Só há ressalva cheia a realizar:
Destino é para os fracos
Os meus modos são sinistros; os dela, ambidestros
Nesta fase onde tudo é escama, minha alma fede, fere, mas clama por ti.