MINHA ALMA CLAMA POR TI

Ó fera abatedora desse Julho rasgado!

Despeje-me o quente chá emanado e aceso

Das ventas donde urra o precipício

Não me tenhas em passos piedosos

Ouça muito bem, ó inestimável amigo

Saibas tudo o que ocorre comigo

Neste dia de pedregulho, às vestes negras do destino

Laboro neste desde menino

E não hão as favas em teias ou pouco mais de ledas veias

Sem o aspecto funesto do Agosto, tem a magia delicada – e mais deliciada – do Junho.

Vá-te embora, solidão almiscarada

Hora boa a juntar seus ossos e despencar daqui para o nunca

Se há segredos que o ombro absorve, tente-me

Se há mentira em flocos de chocolate, mate-me duma só vez

Num só golpe da adaga sangrenta; faça-me de jaqueta

No átimo do frio lancinante, desprezarei os falsos entulhos a me sorrirem descalços

Só há ressalva cheia a realizar:

Destino é para os fracos

Os meus modos são sinistros; os dela, ambidestros

Nesta fase onde tudo é escama, minha alma fede, fere, mas clama por ti.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 02/07/2008
Código do texto: T1061831
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