LODO E PAZ

Sinto ainda a brisa fria de Amaralina.
O vento macho e tuas mãos em minhas pernas.
Uma série interminável de “eu te amo”,
Os bilhetes no Bar de Ipanema
E em tantos outros guardanapos já rasgados
Tudo sob o hálito bêbado da memória.
Sou um segredo indecifrável
Que nunca terás o trabalho de descobrir.
Aquela que nunca teves,
Embora acreditaste que sim.
Não te amo.
Apenas te imagino
A escrever poemas tortos
E mal pontuados
Na esperança, talvez,
De disfarçar tantas mentiras.
Nunca te acreditei,
Pois sabia do teu instinto de vários portos.
Mas “mistério sempre há de pintar por aí”
E se somos tão incompreensíves
Guardarei as pedras que trago na garganta
Te farei sumir numa cirúrgica
Impossibilidade de te dar mais do que mereces.
Morra com as suas filosofias de botequim
E uma mulher da vida para te servir de colo,
Esta que já te abraça num amor aspeado e
Comovente
Como se a vida se resumisse a desenterrar
O passado,
hábito que cultivas tão assiduamente.
Eu irei além
Porque longe daqui
Num lugar que teus pés não tocam,
Há um chão limpo e inesperado.
Um lugar para SERMOS o que de fato somos:
Humanos e equivocados.
Iza Calbo
Enviado por Iza Calbo em 14/07/2008
Reeditado em 24/07/2008
Código do texto: T1079571
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