O que resta de mim?

Sentei-me a beira do lago de meus sonhos, vi-me refletida e não me reconheci

As águas pareciam escuras demais para a pureza do meu ideal

Assustei com a bruma que me cegava, temi a lua que não brilhava

Senti profunda solidão, dentro de mim, tudo era escuro e frio

Encolhi e chorei, repetindo mil vezes que isto poderia mudar

Mas o relógio, me fez acordar e ver que o real é ainda pior

Este sol que ilumina e aquece não é suficientemente forte

Pois ainda sufoca-me em profunda escuridão, que é interna

Não a falta de luz, que há muito me limitava, mas a falta de crer

A luz só ilumina se permitirmos olhar ao redor, talvez nisto eu peque

Sinto-me cega, me sinto fraca, não sou quem era, nem sei quem sou

Até as canções mais doces, me entram amargas, ou tolas

Estou entregue a cruéis dilemas, e agora? Se não há braços para me envolverem

Se não há quem me sussurre ao ouvido que vai estar do meu lado

O vazio dos beijos dos sem rosto, o vazio, das superficialidades ditas

Vou vivendo apenas, como quem deixa escorrer a areia da ampulheta

Observando a lentidão que consome da areia que carrega tudo, o tempo...

Quem dera encontrar um poeta que me olhasse nos olhos

E dissesse de tudo o que é... Mas esbarro com poetas promíscuos e bêbados

Daqueles que não sabem que poesia não é apenas destilar doçura escrita

Ou melodias que convencem... Indignamente se vendem a preço ínfimo

A poesia se torna lenda de tempos em que ainda existia amor...

Amor... amor? Onde está o amor? “Não existe amor, apenas provas de amor...”

T Sophie
Enviado por T Sophie em 16/07/2008
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