Sangue (ou Talvez em busca de...)

Sangue escorre por dentro de seu corpo, e começa a sair de dentro de si. Escorre tudo de dentro para fora, e seu interior torna-se um reflexo do exterior que o cerca.

Fica sem sangue, quase morto. Decide então sair pelas ruas em busca de alguém, e enquanto isso o assisto do alto do meu trono. Ninguém o vê, e enquanto prossegue em sua caminhada ele sente vontade de chorar. Pobre mortal perdido. Ele sente a quentura distante dos outros corpos, e ela lhe traz lembranças. Lembranças que, assim como seu olhar, se estilhaçam como vidro no chão sujo da rua. Lembranças que lhe penetram tão fundo como chagas e o fazem sangrar ainda mais. A fluidez de sua não - fluidez o paralisa. Seria essa a hora da morte? Não, caro mortal, essa não é a hora da tua morte. É apenas o momento do despertar de sua sub-vida, e de agora em diante nada serás além de alguém que vaga, talvez em busca de...

Alguém enfim se aproxima e lhe sussurra palavras-sangue. Ele as absorve, as injeta em si, se refaz e parte. Era disso que precisava. A alma que lhe falou parte, vazia agora, talvez em busca de...

Na verdade, tanto faz para onde parte ou em busca do que ela segue. As flores vermelhas permanecerão sempre vivas, e assim como o sangue elas permanecem e fluem para algum lugar, talvez em busca de...

Um imenso "muito obrigada" a meu querido amigo Natan por me confiar suas idéias, me inspirar e me iluminar com seus textos,sempre.

JaquelineS
Enviado por JaquelineS em 06/02/2006
Reeditado em 11/02/2006
Código do texto: T108775