TOTEM DE MUNDO VIRGEM

Há tempos que nele páro.Percebo a militância anti-romântica em seu porte.Re-páro.

Fito atentamente a poesia persistindo em não lho sair. Reflito.

Há um mais de não sei mais nos pensamentos meus, pois não me permitem a mim abandoná-lo à sombra dos meros anseios mortais.

É esquecível meu muso.

Não há nele melifluidade, madurez, olhos de ressaca.

Inexiste, decerto, tristeza exata.Só tédio- melodia não transformada.

Entretanto, me teima mente adentro este totem de mundo virgem. Um colosso vicioso aglomerando o opaco das virtudes.

Este muso que nada me traz e nem em prosa se faz.

Miro-o.Penso haver algo de charme.Re-miro.

-Quimera minha!

Não há nele, ó céus, nada para me apegar além da beleza- beleza dos dez minutos- e ,contudo, nego-me a lho apagar!

Me teima mente adentro este totem de mundo virgem que não me faz sequer emergir da cabeça uma rima, um verbete clássico , vontade de neologismar. Assim, não me valho de qualquer bem querer ao querê-lo, de nenhum bel –prazer aprazível, plausível ao revê-lo: essa verticalização sem sentido de culturas vazias invadindo-me o peito.

E o Saber? Tê-lo corrompido no simples ver!

Seus olhos iguais, virgens, banais permeando-me o cerne d’alma faz-me a mim querer ser dos seus adoradores uma a mais,e,assim preferir retê-lo esquecível entre os demais a não mais tê-lo , totem de mundo virgem, e lamentar-me para sempre desde o alto do recôndito dos imortais.

Juliana Santiago
Enviado por Juliana Santiago em 20/07/2008
Código do texto: T1089603
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