O Coração e a Flecha

Naquele sonho tão impreciso, havia uma fada, havia um arqueiro.

Na relva em campo aberto, corria ela com unicórnios,

Tão belos eram os animais, galopando ao vento, ligeiros.

A flecha que tinha entre os dedos pulsava no arco certeiro

Atrás de grandes árvores estava ele em porte austero, sereno.

Eis que entre as presas vislumbra um ser esguio a deslizar,

Tão inusitada aquela imagem, fez o nobre recuar.

Ao que as folhas remexeu, um leve toque (a fada percebeu).

E em um piscar de olhos não mais estava naquele lugar.

Surpreso, o arqueiro baixou a pronta flecha.

Ao seu lado repousava o ser reluzente, imaculado,

Espreitava junto dele os animais em tropel, por aquela brecha.

Não recuou, pois era um bravo (seu pulso estava acelerado).

Algo aconteceu, seu olhar o acalmou de maneira tal;

Com tranqüilidade observaram a debandada até o final

Por um tempo que parou, até que por fim adormeceu.

A fada olhou o arqueiro, deu-lhe um beijo e então partiu.

Ao crepúsculo despertou confuso, pois de seu sonho, sobrara...

...Uma rosa, em rubro vermelho, (ao lado da flecha), em forma de coração.