Na Curva da Manhã

No meu ombro danças os teus cabelos, repousas os olhos na pele diluída do silêncio, sinto a tua respiração perfilar-se nas vértebras, beijo a boca onde habitam as aves. Num domingo qualquer as sombras descem inúteis pelas árvores desoladas. Uma geografia de estados imperecíveis prolonga a insónia, por mim corro para navegar nessa dança de corpos – até ao fundo da consciência, à névoa nevrálgica dos símbolos. Confesso: a brisa que vem do teu rosto deslumbra-me na curva da manhã, o lugar onde o verbo se insinua. É assim a desmesura da emoção. Corro para a curva onde não estás. É assim.