A PALAVRA NA POESIA

Todos temos nossos momentos de criação, nossa fração de artistas, quando nos lançamos na nossa realidade introspectiva, nesse mundo de subjetividades que é só nosso, invadindo nossos escaninhos secretos, tateando entre formas, sensações, pensamentos, construindo um esboço do nosso inconsciente.

Então as palavras chegam fortes, expressivas, românticas, angustiosas, rascunhos das nossas verdades travestidas muitas vezes, fantasiadas num momento de delírio, de paixão, trazendo para fora o nosso carnaval de emoções interiores. E estas podem estar coloridas, sorridentes, revestidas de alvaiade, em um ricto de zombaria das verdades, face descorada, desenhada, ostentando o vazio da vaidade que já não está.

Choro e riso se misturam. É o canto derivado do soluço...

É quando surge a palavra substituindo o dedo que aponta. Denúncia sonora que põe a nú o erro, o crime, o abuso.

E mesmo o corpo ausente, o som fica ecoando por entre as ruas, junto às árvores, avolumando-se por entre os edifícios, varando os espaços por sobre as águas, ou sob o sol forte ou mesmo a chuva...

Palavra que representa o olhar indagador do desespero, o olhar acusador do desconsolo, como um chicote que corta, desnudando a insensatez ou a ousadia.

A sombra esmaece ante o eco da palavra expressa, que se torna parte da natureza, porque palavra é beleza, sentimento e também razão.

É encanto, pureza e é flor, é perfume e enaltece a vida!

É beleza que reflete o amor! Símbolo, pendor e glória!

É a presença da vitória! Do Bem, do Bom, do Puro, do Santo.

Ela traz em si a lágrima do pranto

E a luz com todo esplendor!

Palavra que dita normas, que enaltece as verdades,

Que, com o dom da caridade

Traz o consolo da esmola

E a oração da piedade!

E luz no altar acesa,

E gratidão de mãos postas!

Esta é a respeitosa pureza,

Enfim...Em poesia ou em prosa!...

Stella Mello

Stella Mello
Enviado por Stella Mello em 05/08/2008
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