Compulsão Mercadológica

Homem urbano de espaço concreto,

De pensamento plástico.

Olha do alto do espigão a grande aglomeração, o alfalto na contra-mão.

Pintura abstrata de fuligem nas paredes, planta mapeada, no peito o monóxido de carbono rarefeito.

O homem aguenta quando toma a branquinha,

Se riscar um palito, acabou-se os pontos e linhas.

Nas esquinas das ruas entre pagodes e sambas avançam os espigões.

Buzinas apressadas engarrafam os pensamentos, nascem mais arranha-céus das mãos bem dormidas.

O alvoroso na bolsa desperta os valores,

Os cordeis pregoam nas feiras os dois lados da moeda.

Dragões em arritmia na chama do desejo

Cospem fogo e cruzam as ruas em segredos.

É no alfalto o bater das estacas,

É no asfalto as transações nefastas,

É no asfalto o comércio escuso, selvagem,

Aluguel de crianças pra pedir dinheiro.

Na madrugada, inocentemente os garis

juntam as verdades escandalosas da noite.

No lixão o desemprego não existe,

Os esquecidos dentro dele faz tesouro.

Pela última vez, vou emendar a calça que encolheu, comer o pão amassado no asfalto esburacado.

Vou amanhacer cidadão, não colocar papel no chão.

Vou sair de casa sem conversível,

Adotarei um filho de produção independente,

Pintarei o quadro sem sarjeta, sem marreta,

Sem vertigem, sem vergonha, sem fuligem.

Não vou ver mais meninos a cheirar cola.

Vou deixar o buraco da camada de ozônio no canto da tela, junto ao buraco negro.

Meninos na Escola cheiram cola,

Professores, meninos o futuro a cheirar esmola. Cola.......Escola....

(Coca).............cola.....Escola......cola....sem contexto não cola a escola. À margem, na margem as mãos não esfolam.

Cimento no plano de fugir dos enganos,

Meninos, margens, linhas, pratas,

Pratos, prantos, histórias daninhas.