PÉS ANDARILHOS

... funduras, mistérios de fogo, ardências de ser, moldar com mãos a forma, o verbo incandescente, queimar por dentro até sangrar, revolver as entranhas, estilhaços de vidraças partidas e novamente um silêncio perturbador e feridas sempre abertas sob os pés andarilhos...

... as minhas entranhas ardem em sal e sangue, enquanto o ar da noite resvala pelas narinas arfantes. Nenhuma mão tocará em meu ombro... silêncio e solidão gritando notas em desvairadas oitavas ascendentes...

... andar para dentro de si sem temer as prórprias águas, matéria de magia e transformação, lá bem ao fundo aonde se esconderam nossos mais sublimes retratos...

...e depois e depois de muito andar, voltar à superfície e ver os sonhos fecundados pelo acaso, os quais, florescendo como rosas, são rubras fagulhas reluzindo em nossa aura...nós dois,  errantes passageiros,  recortados na mesma pedra,  perdidos nesta madrugada de orvalhos, de água benta e desvarios... nós dois, centelhas  da mesma fogueira...   notas do mesmo acorde...   ardendo em uníssono ...
tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 06/08/2008
Reeditado em 06/08/2008
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