A Sina do Poeta

“A poesia é de um lirismo rasgado, aberto, sem limites”. Melhor dizendo, sem um fim. É de um lirismo que canta, fingindo contar. Mas é também de um lirismo que dói se fazendo de bálsamo. Ele faz que cura, mas, na verdade, fere, e fere fundo, a paisagem cinzenta deste nosso mundo sem amor e sem humor, o mundo da pouca ação e comodidade que desemprega e do mercado que nos vende tudo, em troca de nossa mera alma impura.

A poesia é de um lirismo agoniado, fora de moda. De um lirismo também cruel. Porque dá inveja, muita inveja, não saber construir um poema assim, não poder construir um poema assim, não construir um poema assim. O poeta-arquiteto é um inventor, que faz tão inteiramente, que faz do amor uma ferramenta que mente, e continua sendo inspirado assim por Camões, Bocage, Bilac, Drumonnd, Milton, Baudelaire e suas mais hábeis palavras.

DR MENDELEV

Dr Mendelev
Enviado por Dr Mendelev em 07/08/2008
Código do texto: T1117086
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