O PRIMEIRO AMOR

Não me lembro o início

galguei o céu e inferno

e certezas por dúvidas

cidade pequena grande e única avenida

todos se encontram várias vezes no dia

no cinema, na escola, domingo na igreja

bastava avistá-la à distância e fremia

a figura desejada estranha apreensão

demorava-me mais frente ao espelho

espinhas no rosto imberbe

atento escovar nos dentes

asseio no cabelo penteado

eu que troça fazia

pouco me cuidava

tomava café e saía

arre agora tinha

aquela tormenta

rivais pressentia

e como padecia tremia

ao vê-la em companhia

de outro menino rapaz

e quando comigo falava

talvez não desconfiasse

o mal que em mim fazia

arrancou-me inocência e paz

os velhos calções de elásticos

do jeito destratado e cômodo

e diante dela me achava

como a mim me esquecia

desdobrado em cortesias

aquela pequena e querida

não sabia as minhas dores

recalcar anônimos amores

sentiria meus embaraços (?...)

timidez umedecia os lábios

inconfesso o peito de amor

ou quem sabe talvez

ao ego ferido alento

dores ambos sofríamos...