A AUSÊNCIA QUE TROUXE DE VOLTA A INSPIRAÇÃO

Sempre sonhei ser escritora. Na verdade nunca entendi o fascínio que as palavras provocam em mim. Cada Texto que escrevo são como filhos. Não queria admitir isso, pois achava muito clichê um autor dizer-se pai ou mãe de seus escritos, mas recentemente um meus filhos foi arrancado de mim, um manifesto escrito por mim a muito tempo atrás foi censurado e retirado da internet. Senti naquele momento como se estivesse em pleno luto, pelas palavras que tiveram de ser caladas e guardadas amassadas no fundo de minha lixeira eletrônica. A dor só não é insuportável, pois o assassinato teve um motivo nobre, não prejudicar um caro amigo de outrora citado no filho agora morto.

Sou escritora romântica e confessa, mas qual seria a graça se as letras fossem secas? Encontro-me com meus dedos enferrujados pelo tempo que não gesto nenhum filho. Hoje me ponho a questionar-me como as palavras se perderam no vazio do meu coração e não tomaram forma no branco do papel durante tanto tempo... Não sei responder!

Tenho necessidade de criar cada linha composta de vírgulas, acentos e pontos como tenho necessidade de respirar.

Sou uma mãe enlutada, porém que não teme gerar. Se escrever me é vital... O que posso fazer? Senão sucumbir a minha mais pura necessidade de revelar meus sonhos secretos nas linhas frias dos textos que escrevo.

Escrever é apenas um hobbie, um mecanismo que tenho de ser o que quiser, de ter o sonho que quiser e realizar. Não tenho técnicas, ou segredos... Só sinto e escrevo... Descomprometida com métrica ou estética, mas fixa no transpor dos sentimentos reclusos nas pontas dos meus dedos. Escrever é meu momento de liberdade, de desabafo, de criação. Nem sempre escrevo o que sinto, pois às vezes sou barriga de aluguel, como fui no meu filho assassinado, relatando o que percebo em volta, tornando visível até o mais secreto sentimento alheio, aquele que é denunciado apenas do respirar.

As palavras que ainda encontram-se presas em mim... Peço encarecida paciência, pois não tarda o dia em que vocês encontraram a liberdade das linhas no papel.