Na escuridão do meu desejo.
Durante o sono eu permito que venha todo aquele que reprimo,
todos meus amores e carícias, as mais escondidas.
Nessa noite vieste me visitar, e visitou com seus cabelos soltos, suas calças jeans surradas, as cores nos olhos...todas faiscantes.
Eu entregue, pedindo pelas suas mãos longas e plenas de gestos contidos.
Ah, esses dedos ágeis, viciados em acordes , trastes e contrastes, si e bemóis.
Sua voz grave sussurrando em meu ouvido promessas que sonhei, tratos e contratos existenciais. Nós finalmente seremos um do outro sem gaiolas nem regras.
Seu corpo experiente me tocando suave, provocando as reações naturais, nossas bocas cruzando a fronteira que por tanto tempo ficou intacta.
Finalmente minha língua conhecerá o céu da sua boca , e a garganta cala um som de alívio conquistado.
Meu corpo é o destino dessa coisa toda que se agita no centro do teu ser, eu te quero receber... vem! e que seja dada a nós a permissão de conhecer nossos paraísos particulares.
Hoje, ao menos em sonhos serás meu e nada virá censurar o que nos consome, verei revelado teu peito alvo que escondido na camisa das segundas-feiras fez palpitar o meu, que também oculto te conta segredos.
Nessa noite me calo para ouvir tudo aquilo que te pertence: sou toda ouvidos, boca, seios e entremeios.
Acordo e decido: Não descanso enquanto não sonhar que foi sonho viver sem você.
Vais protestar, interpretar, forçar meu cérebro a codificar a negar e reverter. Não vai adiantar.
Agora você é só meu. E do Sigmund.