Explosão

Como entender, teus olhos que me olham sem olhar? Onde as palavras negam aquilo que posso penetrar com meus sentidos, que vão além do que se pode querer passar de forma consciente, lúcida e que se possa, racionalmente, explicar.

Como entender aquilo que dizes de forma tão fria, clara, sem emoção, com tanta certeza, se posso sentir teu coração que me envia mensagens diferentes de tua razão?

Ah, meu Deus, como viver com esta luta incessante entre os signos mudos de teus movimentos que me demonstram algo diferente do que pronuncias, seguro de si, se teu corpo demonstra as tuas incertezas diante de mim?

Como entender o que sinto e saber se o que sinto não é simplesmente loucura, devaneios de alguém em busca desesperada por algo ou alguém, que lhe foge sempre que está perto? E então, tudo isto é realidade ou ilusão?

A impulsividade me marca o coração, os atos sem racionalização que me expõem, sem piedade, a um mundo calculista e frio, onde os sentimentos nobres são escrachados, desvalorizados como se o natural fosse não amar verdadeiramente.

Ah, meu Deus, como viver sendo franca num mundo onde sentimentos verdadeiros são vistos como fraqueza, e são utilizados como arma em momentos oportunos?

Mas, como viver sem ser eu, assim espontânea, franca, leal, sem sentir em meu coração todo este amor por todos?

Ah, meu Deus, como irei sobreviver a este vendaval em mim, mulher que ama assim tão intensamente que não consegue controlar o impulso de cantarolar ao mundo seus sentimentos?

Meu Deus, diga-me: é feio amar? Amar assim como eu amo, de forma exagerada, quando meu corpo todo demonstra e se recente, em cada episódio de minha história, agindo sempre como se fosse uma eterna estréia.

Como viver assim, meu Deus, num mundo tão frio, sendo eu tão quente, gostando de gente e sendo feliz?