Antigo quarto

Por um momento fechei os olhos no tempo e visitei meu antigo quarto, nas paredes quase me vi estampada num retrato.

Por sobre a cômoda me percebi poeira fina soprando talco de menina.

No sacudir dos lençóis os sonhos desfeitos pelo ar pousaram lembranças no chão, mas sobraram vestígios de noites adormecidos nas dobras do colchão.

Vestidos dentro do armário guardavam como sentinela as minhas flores de algodão, e ao abrir minha caixa de jóias a pequena bailarina, num rodopio frágil, ainda girava ao som do meu adágio.

Pelas gavetas revivi amores escondidos em cartas e bilhetes trocados, letras desenhadas pelo sentimento branco à espera das cores, e ao abrir a janela pude sentir o mesmo perfume de jasmim... como saudade a invadir essa ausência de mim.