Irrenunciável / Inacabamento

O delírio exterior. O irrenunciável. Inadiável. Inacabamento. É fácil habitar a viagem. Perde-se o silêncio na vocação silábica, escrever. Num mapa desenho os percursos de um dia em cada habitação. Um percurso referencial, ponderado na manhã vulnerável e branca e última. Encostado à estação da parede ou é um muro, um muro devolvido à luz de traços sem esquecimento. Ultimidade por onde correm as sombras indiferentes, pudesse o longilíneo ar permanecer nos jardins voltados a sul, ao sol da marca dos teus quadris pousados neste cimento quente do Verão, ou um edifício histórico de uma cidade quando o tempo ou lugar fosse a marca de um destino. De todas as telas memorando os olhos alucinados do mar em que se vai desfilar a noite - indefinidamente. Depois, nunca terminam as horas nem os lábios nem os ombros inadiáveis, apenas a boca exaltada substitui as ondas no estuário da pele. Inacabamento, por respirar as pálpebras quando os comboios passam mais a sul, um silvo veloz caído no infinito. Nada soubemos, debruçados sob o horizonte aéreo das pedras, só o corpo em rajadas na flor das veias. O irrenunciável. Um sonho assim.