Face refletida... alma retratada.

    A face refletida no espelho parece não ser dela. Estranha sensação de distanciamento do desejava, e o que lhe fora oferecido pela vida. Olhos intensos, profundos, recobertos pela maquiagem que se desfaz quando incontidas lágrimas caem.

Necessidade de afeto, carinho... Nada que seja infundado ou que não traduza sinceridade. Vazios que jamais serão preenchidos, sonhos que se foram e uma pressão intensa no peito que lamenta a ausência do pouco que almejou.

 Sorri... E no sorriso sustenta sua força! Sorri como quem luta sem buscar recompensas. Querendo acreditar que as verdades não existentes. Sorri de si, das lembranças ingênuas que não lhe traduziram nada. Das palavras que ouvira sem nunca terem sido sentidas.

Do engodo, do engano, das ilusões. Da entrega absoluta dos sentimentos mais puros, todos em vão... Como em um filme, relembra... A crença, os corpos, sussurros, promessas que jamais seriam cumpridas... Esquecidas, perdidas na poeira da estrada.

Medo...  A certeza de não mais se apaixonar.

Quando criança ouvira dizer “que o corpo que não pensa faz o coração padecer”. Não é o corpo que padece, a alma enrijece, petrifica. Couraça que aparece para defender-se.

Há o sorriso, a dor... Lembranças, dores ainda maiores. Saudades intensas e indiscutíveis. Dúvidas que não mais serão esclarecidas e ela sorri...

Sorri do que vive, da ingenuidade perdida, da confusão de juras que se misturam em sua cabeça. O que fora verdade? Em que momento da entrega houve sinceridade? Era amor ou grande engano? Sedução ou entrega?

Sorri... Confusa, e incapaz de encontrar respostas, enxuga delicadamente cada lágrima, retocando os traços e contornos. Olha-se novamente... Ergue o rosto, suspira, enche-se de sonhos novos e, nem por isso, mais reais e sai como o vento, deixando no espelho desilusões, esquecimentos.

Talvez ainda encontre... O simples, essencial, verdadeiro e magnífico sentido de Amar!