linda

Enquanto o Sol não aparece, da porta do quarto eu posso ver o dragão nas costas dela. E consigo rever cada segundo que passei nos seus braços. Posso sentir o sabor do seu perfume, dos seus cachos em minhas mãos, nossa saliva. Redesenhar em linhas leves cada milímetro dos seus sorrisos, dos suspiros. Ouvir cada gota de suor porejando.

O dragão voa alto e pousa no meu peito. Seus fogos me fazem mais. E viajamos por uma infinidade chamada noite. Seus pêlos eriçados, seus sinais, cada impressão vivida foi apreendida por minhas retinas. Seu arfar ligeiro, a pulsação apressada, o toque leve dos seus dedos. E nós crescíamos na noite imensa.

Vendo seu rosto, agora pálido, revejo o sangue contido nele, nos lábios sem carmim. E posso sugar deles todos os beijos que ela guarda. Sei que posso. E me aproveitar da fragilidade do sono não me faz um pecador. Sei que, se sonha, é comigo que ela paira, Linda, no céu dos prazeres que ela sabe tão bem ofertar.