SOU OSMARITA (COR)

(CORRIGIDO)

SOU OSMARITA

Do pátio de meu colégio o Brasil Central, de Anápolis, avista-se muito bem o pátio do Colégio São Francisco de Assis. Sempre no horário do recreio dava-se para ver as garotas de lá em seus folguedos inocentes. Notava-se sempre que duas delas após tocar a sineta de entrada ficavam acenando para nós. Achava eu que era parente ou amigas de alguém de nossa escola.

Duas ou três vezes repetiram-se a cena e em umas delas resolvi também acenar com um “tiauzinho” correspondido com outro “tiau”. Essa cena repetiu-se algumas vezes, então me enchi de coragem e resolvi ir conversar com elas no término das aulas daquele dia. Antes de chegar na porta do colégio delas resolvi passar na Igreja de Santana, quando observei que ambas saiam daquele ressinto.

Ao nos aproximar uma loirinha, baixinha e muito bonita estendeu-me a mão dizendo:

- Sou Osmarita...

As conversas de praxe corriam soltas quando uma delas se retirou nos deixando a mercê de nossa conversa. Como a conversa vai e vem, concluímos que íamos à mesma direção. A poucos passos de caminharmos juntos pela Avenida Rio Branco, aquele gostoso roçar de braços foram substituídos pôr um aperto de mãos. O tom cordial da conversa se encerrou ao aproximarmos da praça Bom Jesus quando notamos que ali era nossa encruzilhada. O local existia um alto falante da Rádio Karajá que no momento executava um gostoso bolero de nome Angustia cantado pôr Bievenido Granda. Eu devia continuar pela Avenida e ela teria que cortar a praça em sentido longitudinal até a rua de lado da igreja. Esse momento porem ao tentar desvencilhar-me de sua mão ela sem falar nada me apertou a mão com mais força levando-a a sua direção. Nesse gesto percebi que ela queria que eu continuasse a andar com ela, o que fiz. Fomos caminhando sob o acorde daquele melodioso bolero até a música desaparecer de nossos ouvidos. Passamos pela Igreja de São Sebastião e ao aproximarmos do conjunto do IAPC, despedimos com um gostoso beijo.

Está cena repetiu-se pôr muitos dias, mas de um ano tenho certeza, só foi interrompida quando o nômade do meu pai avisou a família que realizaria o sonho de minha mãe, mudar para Goiânia.

O idílio do jovem casal de princípio não estremeceu pois as cidades eram próximas e eu comprometi-me a visita-la semanalmente. Como ambos erramos muito jovens levamos o namorico aproximadamente pôr mais um ano. Sem explicação plausível o relacionamento foi esfriando, esfriando até que em dado momento acabou...

Ao no coração da gente resta um cantinho reservado às lembranças chamado pêlos poetas ala da saudade:

- SOU OSMARITA...

Goiânia, 12 de setembro de 2008.

jurinha caldas
Enviado por jurinha caldas em 14/09/2008
Reeditado em 28/10/2008
Código do texto: T1177514
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