Uma linha a menos de você...

Escrevo, para nunca ter de dizer-te nada, daquilo que trava-me a garganta toda vez que tua imagem cruza meus olhos.

Consolo-me, na falsa impressão, de que cada linha aqui depositada, é uma parte a menos de ti, implantada, plantada e cultivada dentro de mim.

Como um remédio, e a cada dose, me sinto um pouco mais livre de ti.

Porém, o mais espantoso, é minha triste persistência em cometer os mesmos erros. Quantas paixões arrebatadoras, exatamente como essas, jurei a mim mesma, após um final sem avisos prévios, que nunca mais, enquanto impedia mais uma lágrima de cruzar meu rosto, que nunca mais iria me deixar levar como desta vez.

Mas, após um tempo na segurança da solidão. Me vejo mais uma vez perdida em outros braços, em teus abraços.

Se ainda há algo de bom em tudo isso, é a certeza. Após essa cegueira momentânea, finalmente percebo, já sei o final triste deste filme.

Aos poucos, tuas palavras me deixam mais fortes. Cada comentário, maldoso partido de ti, com a única intensão de me confundir, e talvez me afastar. Faz com que eu fique mais fria em relação a ti, e queria apenas usar-te, como a principio usou-me. E no final, quando eu tiver imune, vou me afastar, porque terás perdido a graça como tantos outros, e quando nos cruzarmos, por infelicidade do destino, passarei por ti, cumprimentarei como velho conhecido, apenas um velho conhecido.

E a cada momento a sós que temos, tenho certeza dessa distancia interna que estou criando entre nós. A mágica da primeira vez parece já estar mais distante. Ainda cria alguma curiosidade, mas já não tenho tanta certeza se quero descobrir.

Aos poucos, sei do final... Logo, muito logo, irá perder-se no tempo, como tantos outros, como um sonho qualquer, esquecido no abrir dos olhos.

Apenas agradeço, de lembrar-me por um momento, da vida dentro de mim. Esses sentimentos que insisto em esconder de mim. Mas, que me faz mais forte, e cética, em relação aos sentimentos do ser humano.