Atire a primeira pedra.
 
Atire a primeira pedra, aquele que nunca amou ao ponto de minguar.
Ao ponto de chorar copiosamente por saber que ele não seria seu.
Ao ponto de fazer o improvável só para poder ver esse amor.
Ao ponto de amar mesmo sabendo que esse amor nem te olharia
 
Atire a primeira pedra, aquele que não cantarolou uma canção de amor.
A canção mais brega possível, aquela de te olharem torto.
A canção que te lembrava aquele sorriso de tão candura e simplicidade
Que se suspira até hoje só de lembrar
 
Atire a primeira pedra aquele que não manifestou o seu amor
Das pequenas e mais invisíveis formas para alguém.
Das formas ridículas e maquiavélicas de lutar por alguém
E se fazer palhaço e bobo da corte apaixonado pelo seu amado.
 
Atire a primeira pedra aquele que nunca amou um desconhecido
Que teve um amor platônico arrebatador e de bambear as pernas
Que simplesmente amou sem ter a coragem de se declarar
E que deixou adormecer esse amor dentro de si
 
Apenas atire a primeira pedra aquele que amou
De qualquer forma, de qualquer sexualidade, de qualquer ângulo.
Apenas amou da forma mais pura e sublime de um sentimento
Canalizado pelo bem e profetizado por um coração
Simples e apaixonado que já atirou diversas pedras
De tantas que hoje fez um castelo, para que os amores não a tormente.
Mas que de vez em quando joga um papel embrulhado em uma pedra
Para que algum príncipe desorientado encontre o papel
E venha a resgatar desse do castelo de desilusões que ela criou.
 
Atire a primeira pedra, quem amou ou nunca amou.
Samara Lopes
Enviado por Samara Lopes em 18/09/2008
Reeditado em 18/09/2008
Código do texto: T1184253
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