Não gosto de receber telefonemas dos serviços de telemarketing. 
Já são irritantes no horário normal de trabalho, e muito mais quando os operadores levam para casa os números e ligam nos horários e dias mais inadequados.

Desenvolvi defesas, às vezes até mesmo maldosas, para que sintam o que eu sinto.
Assim, quando um deles liga na hora do jantar, ou exatamente quando vão revelar o assassino no filme que estou assistindo, peço-lhe que aguarde uns instantes e nunca mais volto.
É comum oferecerem cartão de crédito. Quando digo que não estou interessada, perguntam o motivo.
Não fosse eu tão avessa ao telemarketing, talvez me sentisse na obrigação de responder, pois em geral são muito impositivos.
Costumo devolver com outras perguntas.
- Como é mesmo o seu nome?
- Qual o seu signo?
- Onde vc mora?
 

Eles ficam desconcertados por alguns instantes mas  não perdem o rumo. São treinados para driblar imprevistos.
E também para ignorar sistematicamente nossos protestos.
Quanto mais insistem comigo, mais perguntas faço.
- Você é casado?
- Quantos anos tem?
- Tem filhos?
 

Quando a gente liga para pedir algum tipo de suporte, a frase, "Sua ligação é muito importante para nós", tem um poder devastador sobre mim.
Se fosse importante, não ousariam me deixar esperando e ouvindo musiquinha.
Se fosse importante, não me passariam para outro setor, que mandaria para o supervisor, que transferiria para a assistência técnica.
Não espero mesmo! Já sei o que vou ouvir: fatalmente dirão: "Muito obrigado por aguardar"!
 
Pior. Em casa setor preciso contar tudo de novo!
 

Dia destes uma jovem me disse mais ou menos isto:
- Senhora! Poderíamos estar retomando nossa conversa para que eu possa estar falando sobre as vantagens que o nosso plano apresenta?
E eu respondi:
- Claro que sim. Quero mesmo que você possa estar retomando nossa conversa e vamos estar fazendo isso, assim que você puder estar conversando um pouquinho mais comigo. Sou muito sozinha, não tenho ninguém com quem possa estar conversando.
 
A moça me pareceu perdidaça.
 
Tanto que "a linha caiu"!








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