Memória

Do azul. Ou no azul do ar. O casaco perfeito às riscas num pressentimento nublado pelas hastes líquidas do dia. Nada se esquece, nem o declínio dos olhos na febre da luz. Abro os dedos para os muros, neles escrevo as sílabas enredadas num destino. Nada se esquece, nem o que passa

à velocidade das áleas, a vida conjuga-se nos lábios, um eco percorre os lagos na descendência da água. Indiferentemente o tempo escorre em lugares habitados pelas vagas da solidão. A qualquer hora, era do vento a sombra que se ama na esquina do corpo, os espelhos do lugar à deriva

da noite. A noite onde se volta sempre com a sonolência de vidrar os sonhos. Um cenário breve de árvores invisíveis entre margens, dizemos palavras límpidas para exprimir a infindável corrente que destila o sangue. E as sensações e a impaciência ardem no rosto de uma memória eterna.