BANANEIRA

Não aprendo. Não ensino. Adivinho o significado das coisas que vejo. Na metade da vida, estou velho para ser jovem e jovem para ser velho. As maduras explicações empíricas não me satisfazem. Não arrisco professar o que desconheço (não serei indicador de descaminhos). Coaduno com a opinião geral acerca da minha fútil utilidade social. Dissecadas as minhas projeções pessoais, percebo, hoje, que não fui o trabalhador braçal que a criança não queria ser, mas também não sou o profissional liberal bem sucedido em que o adolescente tentou se transformar. Triste, tenho conjugado constantemente o futuro do pretérito. O motor usado já não vence a subida da indignação; emperra na ladeira do cansaço. Então, vivo, bebo e esqueço. Não tem chovido nos meus sonhos, e minhas vias estão ressecadas e obstruídas. Bananeira que já deu cacho.

Escobar Sete
Enviado por Escobar Sete em 25/09/2008
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