Prosaica poesia.
Não sei se por carência, cadência ou essência, o blues traz tua lembrança. Talvez a lambança de nossos corpos suados nesse b-r-o bró infernal, a explosão interna e o tempo quente entorpeceram a gente, mentalmente, fizeram delirar, gritar, gemer, puxar, frases desconexas bradamos, por vezes.
Talvez tenhamos conexões externas de reconhecido encaixe. Mesmo que ache cedo, talvez por medo do passado latejante, posso sentir teu pensamento, tua indicação prazerosa, a dança que leva aos pontos sinuosos do teu jorro milimetricamente impensado, nanometricamente improvisado.
Posso até imaginar que tens dezesseis, que a vida começa a cada seguinte impiedoso dia, que o sentimento é atemporal, mas está próximo o fim do mundo.
Portanto, não estando moribundo e à medida que urge o tempo, tenho o intento de permanentemente praticar: enquanto a música não acaba e o fogo arde, o calor abafa, o blues excita e o sexo disfarça.