{sábado...}

Sábado de silêncios e cores ocres.

Frescor dos ventos de setembro, a brisa breve nos galhos, nas folhas, cochichando antigos refrões. A brisa me bebe maresia.

Estou confusa como todos os dias, neblinando. Não, não estou confusa nem nada, só essa coisa ampla, absurda de um olho em riste, uma coisa clara demais. Sem esperança nem medo, sem sonhos nem presságios, sem lágrima nem riso, só essa coisa funda e rasa em si mesma gravitando no meio dum escuro iluminado. Uma coisa sem tempo nem espaço, vácuo se abrindo do avesso como uma coisa explodindo no centro do que não existe, como a realidade observada pela fechadura do sonho, só depois que se começa a contar.

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 27/09/2008
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