Outros tempos

Eram tempos

(bons tempos?) em que

o céu era rarefeito, e os

sentimentos livres a voar

na imensidão. Ai! Centenas de

gritos

ausentes

presos

distantes

em nossas mentes. À esquerda

da liberdade, as horas, os dias

seguiam lentos, modorrentos.

Perspectivas? Haviam sim, por

favor nem queira sabê-las.

É o incômodo do pensamento

quase pensado que pairava

no ar, deveras natural. Já

sabíamos de tudo. E calam-se

todos sobre esse tudo, que

já mudou, para outro tudo. Se

queres saber algo sobre nós, esqueça.

As pessoas que enchiam

nosso copos não gravaram nada.

Faça-te saber o lógico mínimo

necessário, o escatológico do

absurdo do absurdo:

o futuro não existia,

e o presente se resumia

em negar o passado.

São Caetano do Sul, 27 de setembro de 2008.