Protesto  do  poeta


A lua,   já  não  se faz cheia.
É outono,  sem folhas pelo chão.
Turbulências no Mar gramatical
levam ao  naufrágio,
rimas,  métricas  e  inspiração...
A  poesia  é  só  desencanto
e  num  canto,  assustado
se  esconde  um  trema,  o
hífen  e  o  acento  agudo
além  de,  inocente  circunflexo, 
fugitivos  da despótica  degola
imposta
pela  nova  ortografia.

O  poeta  não  sabe  viver
sem  o  charme  do  "trema,"
sem a elegância do "circunflexo"
seguidos do  proeminente "agudo."
Poeta,  não  transige
e,  exige
a reforma  dos  reformadores
dessa  "Babel"  ortográfica,
insípida, inodora,  insossa,
antes  que a poética  tombe
sob  tão  aguda  hecatombe!

A  poesia  quer  desfilar
no  Bloco  das  Palavras
em  harmônico  ponteio,
circunflexa,  hifenizada,
tremada e...    feliz!


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jray
Enviado por jray em 03/10/2008
Reeditado em 22/01/2009
Código do texto: T1210369