Protesto do poeta
A lua, já não se faz cheia.
É outono, sem folhas pelo chão.
Turbulências no Mar gramatical
levam ao naufrágio,
rimas, métricas e inspiração...
A poesia é só desencanto
e num canto, assustado
se esconde um trema, o
hífen e o acento agudo
além de, inocente circunflexo,
fugitivos da despótica degola
imposta
pela nova ortografia.
O poeta não sabe viver
sem o charme do "trema,"
sem a elegância do "circunflexo"
seguidos do proeminente "agudo."
Poeta, não transige
e, exige
a reforma dos reformadores
dessa "Babel" ortográfica,
insípida, inodora, insossa,
antes que a poética tombe
sob tão aguda hecatombe!
A poesia quer desfilar
no Bloco das Palavras
em harmônico ponteio,
circunflexa, hifenizada,
tremada e... feliz!
Direitos autorais. Respeite-os!