O Cheiro Da Morte

Era em uma manhã escandalosa e interminável, que na qual acordei.

Sem pensar, levantei daquela cama velha e encardida, calcei as botas.

O som que ouvia passava entre os meus ouvidos como uma tortura.

Humanos como eu, caminhavam na rua feitos macacos alienados.

O leite fervendo dava-me apetite, mesmo amarelo e azedo.

Pensei no meu dia, botei as mãos na cabeça e deixei a xícara cair.

Debrucei-me na janela, tossi como um doente morrendo de medo.

Virei-me olhando para o sagaz quadro de meu bisavô general.

Senti-me como um tolo, sem méritos e condenado de culpas eternas.

Minha infância... Podre e escassa de alegria, acreditando em ser feliz.

Realmente, conto nesta prosa, a falta de uma consciência.

Humano e indulgente, eu passo a semana tentando consolar-me.

O meu nome eu tenho vergonha de mencionar para qualquer um.

Dirigi-me até o quarto, ofegante e arrumei-me para trabalhar.

As ruas parecem-se mais (como poderei dizer?) com um quadro velho.

Pois, dia após dia, trabalho como qualquer outro, porém, num necrotério.

Trabalho digno – Te examinarei também, assim como me examinarão.

Volto à realidade, sento em uma pedra e sinto o cheiro da morte.

O cheiro maleável, impregnado em minhas roupas.

Deitei-me novamente e adormeci.

Matheus Mendes
Enviado por Matheus Mendes em 04/10/2008
Reeditado em 13/10/2009
Código do texto: T1210549
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