Similar, ainda.

Os signos fotografados para um ensaio. O futuro é muito tempo, afirmou o filósofo, queria dizer: correm sombras rápidas pelo céu dos olhos,

amanhã,

amanhã onde estaremos com as árvores e invento a voz nas teclas profundas do vento. Subtil como a água da evaporação, o brilho velado num espelho imaginário,

porque falaste do tempo, a distância no vão das pálpebras e o que passa como nuvens por uma tarde imensa. Queria habitar as cidades numa melancolia inconsciente e acender a luz,

percorrer o tumulto encantado de uma noite inteira, tocando as cordas do teu corpo para sorver a música das veias. Assim, assim numa incoerência de palavras que nos unisse os eloquentes

dedos, páginas em branco onde pudéssemos marcar com tinta azul esses signos invisíveis para um ensaio. Fomos perguntar pelo destino com o rosto fascinado, enquanto as aves ou os

gestos inumeráveis cresciam nas abóbadas do ar. O destino não existe, as estrelas cobrem os ombros quando queremos unir os ombros ou dizer o mar suspenso na espuma vítrea. Talvez,

talvez, na vocação do crepúsculo, descíamos às praias da pele, perscrutando o lábio dos lábios similar, ainda os signos declinados na dialéctica de amanhã.