DESASSOSSEGO
Sinto em mim dores invisíveis, que mutilam sem cessar o meu corpo, minha alma e meu espírito.
São tantas as dores, que sinto em mim a morte – mas não consigo vê sua face com a clareza que ouço os pios agourentos das corujas que piam na noite eterna, sobre a minha cabeça.
Tenho alucinações que se misturam com a realidade, mas não consigo distinguir o real do imaginado. Sinto dores fortes que me atormentam e tiram-me a lucidez.
Ando pouco lúcida, vejo cenas que sei irreais. Tudo gira. Dói, a dor continua, a vida continua, eu continuo, mas pareço uma trôpega que não consegue o encontrar o caminho. Esse caminho cheio de labirintos tortuosos, escuros, infinitos, distantes; por isso sinto desejos de deitar em uma rede esperando conhecer do mais próximo possível a face tenebrosa e covarde da morte – que só ataca à surdina, como o ladrão que sorrateiramente entra no interior dos cômodos do teu ser para levar de ti o que te parece mais precioso.
Mas tudo é relativo, até os valores preciosos da existência, se ela tem realmente algum valor, como acreditam muitos.