A Garrafa de Gim

Tudo em minha volta era vazio

Deixei de existir naquele final de setembro.

Estava fumando meu cigarro e bebendo.

Bebendo meu último trago, deduzindo.

Mesa desarrumada, esculhembada.

Não posso mais esquecer daquela cor

Não doia mais as quedas da cama de noite.

Me olhava no espelho do silêncio noturno

"Aonde irei agora?" Odeio-me, enternamente.

"Diga! Aonde irás?" Perguntei-me.

Antes de quebrar o maldito espelho

As minhas calejadas mãos sangraram.

Gritei até não poder mais de tanto ódio.

Sentei naquela cadeira naquele momento

Joguei a garrafa de gim na parede.

A garrafa, a cadeira, a mesa, o retrato.

Tudo dentro de mim era um vácuo.

Dirigi-me ao banheiro, peguei a lâmina.

Cortei o meu pescoço, logo me arrependi.

Apavorado, corri até a porta.

Lá, tudo ficou branco. Pedi para voltar.

Mas já estava descansando em paz.

Tudo o que eu queria naquele momento,

Era a minha bendita garrafa de gim.

Matheus Mendes
Enviado por Matheus Mendes em 08/10/2008
Código do texto: T1216939
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.