Os dias de àguia

João me deixou.

Em princípio,não era possível acreditar,afinal ele parecia precisar

tanto de mim.

Depois,os dias sem ele,me fizeram crer que era preciso contar com isto.

O cheito de cigarro no apartamento foi diminuindo,uma cerveja explodiu no "freezer".

O barulho normal ecoou na casa como um terremoto.

João me deixou.

Comecei a andar em círculos,até que o pequeno apartamento co-

meçou a "marear" como um corredor de navio.

Vomitei,chorei,balançando o corpo,que ele havia amado,como uma

convulsão de amor,só que vazia,sem o cheiro ,o gosto,a mão enorme

do João,a segurar meus cabelos.

Deitei no chão e catei os pedaços do meu corpo,como para uni-los,

mas faltava o pedaço que ele própio era,parte de mim.

Mas que parte era o João,tão diferente de mim?Parte de mim.

Levei meses ,com um pé na loucura, para me dar esta resposta.

Me dei conta da falta,do vazio,da incompletude.

Do ser que sou ,astronauta de mim mesmo,pendurada no umbigo

de Deus,a desejar que um dia,ELE não me abandone mais,e me

de a resposta.

Enquanto isto,tento compreender porque João me deixou.