Talvez, Um Bom Dia

Muitas são as vezes em que me sento no degrau da mesma escada. E enquanto eu fumo, a fumaça escapa e leva junto meus pensamentos. Perco a conta de quantos "bom dia" e "boa tarde" digo aos transeuntes. Muitos. Alguns sorriem, outros, simplesmente passam apressados. E eu ali, olhando aquele entra e sai de pessoas mais variadas, cada qual com sua expectativa, sua pressa.

O tempo parece parar quando as abstrações fincam suas hastes imaginárias em minha mente. Gosto de perder-me em ideias que não têm conclusões. Afinal, nada nunca é concluído. Tudo requer andamento, continuidade. Tentar acreditar que esse movimento todo não leva a lugar nenhum é algo assim, entre decepcionante e desolador. E a rotina desgovernada e sem perspectivas é o que dita o contexto arbitrário na invariável contestação de dias tão iguais.

Ao final do cigarro, pensando nisso tudo, percebi mais uma vez o quanto a vida tem significado e o quanto tudo fica diferente quando temos alguém que nos dispensa aquele mesmo bom dia com a intensidade dos dias que jamais viveríamos se não fosse de quem veio.

Esse alguém, é o que faz a diferença na sequência que nada explica e que sempre, de alguma forma acontece.

Muitas são as vezes em que no degrau da mesma escada, enquanto fumo, imagino esse bom dia especial acontecendo frente a frente.

Talvez, um dia aconteça. Antes que meu cigarro acabe...

October 23, 2008.

ENIGMA
Enviado por ENIGMA em 23/10/2008
Reeditado em 05/06/2013
Código do texto: T1244273
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