FALANDO DIFÍCIL
Um... dois... quatro...quantas sílabas sonoras eram mesmo?
Minha nossa! Errei a métrica deste verso!
Por qual palavra posso trocar ALEGRIA para contar cinco sílabas?
Deixa ver... dicionário... cadê você? Ahá... JOCOSIDADE! Pronto!
Não era bem isso que eu diria, mas pelo menos fechei a contagem!
Tenho que fazer duas estrofes de quatro versos e duas de três...
E onde vai caber a minha poesia?
Deixa ver... posso acrescentar aqui a frase: JOCOSIDADE POR COMPOR...
Não, a rima ficou assimétrica, que horrível!
Que tal JOCOSIDADE POR INVENTAR? Ah, não acredito! Sobrou uma sílaba!
Então... JOCOSIDADE POR URDIR! Cruzes! O que estou dizendo?
Onde está a minha poesia? Eu já disse tudo,
Já contei as sílabas sonoras! Até cantar, cantei...
Mas falta um verso... já disse dos meus sentimentos todos...
O que colocar nessa última mal traçada linha?
Vejamos: URDIR É JOCOSO! Perdi duas sílabas... não!
Dicionário... Ajuda-me...
Meu poema está manco! Não consigo o último verso!
Não sinto mais o que dizer...
Desisto! Meu poema fracassou!
Em minha cabeça coisas tão lindas e lúcidas
nada a ver com JOCOSO e URDIR... que palavrinhas sem paixão!
Criei todo um contexto, uma idéia tão fluida
Que não cabe em nenhuma medida, meu pensamento é viajante...
Contando e recontando, rimando e desmanchando
Perdi minha metade inspiração...
Rasgo o papel... sou poeta, vou rimar o que quiser
Só vou contar estrelas!
Resolvi o meu dilema, deixo de falar difícil e traduzo:
CRIAR É UMA ALEGRIA! Terminei minha poesia!