Os dias de àguia II

Hoje estive pensando,no que era meu no João,e ri sózinha de dar

uma possibilidade à mim mesma de me "costurar".

Meu pedaço encantado,eu,novamente menina,em cima das mangueiras do meu quintal ,com minha mãe de chinelas,me prometendo uma surra.E eu ria oscilando no galho,sem medo algum.

Não tinha medo quando estava com ele.

Me agarrava a sua barriga gorda e jovem,como se alí fosse o tronco do verde da infãncia.Nada aconteceria.

Uma vez dividi seu corpo por centímetros quadrados e saí por aí,lhe

cobrind0 de beijos,delimitando o território do seu própio corpo,ou do meu,sei lá.

Jõao era bom e doce como um pisciano,apesar de ser virgem.

De repente,como no conto do tecer,tropecei num nó,desfiz o enrredo,

e JÓAO mostrou uma face que não era minha.

No espelho um homem frio.Não me reconheci na sua face deformada.

Apesar de percorrer cada cicatriz com dedos incrédulos,percebi aliviada que não era eu.

Mas,como a vida faz conosco,num dia qualquer da ausência do João,

eu choro e penso:

E se ele estiver escondido em sí mesmo?

Onde o acharei novamente?

Abro o álbum da minha inocência e procuro pela foto vazia do Joâo.

Pelo espaço que tento retomar em mim,

da ausencia do Jóao.

Sonia Aimée Laupman
Enviado por Sonia Aimée Laupman em 24/10/2008
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