Não conheço seu perfume.
Nem trejeitos nem seu jeito.

- Só conheço a parede, que a mentira levantou.

Não conheço sua boca.
Nem seus olhos ou o olhar.

- Só conheço a dura lâmina com que atacou-me a ilusão,
ferindo-me o sonho, calando-me a voz,
replantando a solidão.

Não conheço suas mãos.
Nem os dedos que sonhei,
pudessem acariciar.

Só sei quantos anos tenho.
São todos que já vivi,

sem saber da sua boca
nem os olhos conheci
nem tampouco seu olhar
nem as mãos e nem os dedos
nem os pés ou o andar

não sei quantos anos não tenho
mas jamais esquecerei
dos que tenho, já vividos
sem nunca saber de você.